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PEGN| Apagão em SP pode ter gerado prejuízo de mais de R$ 120 milhões a empresas, diz instituto

PEGN| Apagão em SP pode ter gerado prejuízo de mais de R$ 120 milhões a empresas, diz instituto PEGN 

 

por Paulo Gratão-07/11/2023

Apagão em SP pode ter gerado prejuízo de mais de R$ 120 milhões a empresas, diz instituto

Compras por impulso e perdas materiais estão entre os principais prejuízos de empreendedores com o evento climático

Por Paulo Gratão

07/11/2023 05h05  Atualizado há uma semana

ventania de mais de 100 km/h que atingiu a região metropolitana de São Paulo na última sexta-feira (3/11) causou estragos que ainda estão sendo mensurados por moradores e empresas das regiões atingidas. Até a noite desta segunda-feira (6/11), a Enel, concessionária responsável pela região, informava que 15% dos clientes atingidos ainda estavam sem energia elétrica. Por meio de comunicado, a empresa diz que está trabalhando para “reconstruir os trechos destruídos”.

Especialistas consultados por PEGN dizem que ainda não é possível ter uma dimensão do prejuízo que a falta de energia possa ter causado aos pequenos negócios nas regiões atingidas, mas o Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo (IEGV/ACSP) estima uma perda de, ao menos, R$ 126 milhões para os negócios que operam no comércio paulistano em decorrência do evento climático.

A entidade usa como base o volume movimentado diariamente na cidade de São Paulo e região metropolitana. Entretanto, Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP, diz que “os prejuízos são difíceis de estimar”, uma vez os efeitos do temporal não foram homogêneos na cidade de São Paulo.

De acordo com Fabio Pina, assessor econômico da FecomercioSP, os finais de semana costumam ser os dias de maior movimento para o comércio e serviços de São Paulo. “O comércio de São Paulo fatura cerca de R$ 1 bilhão por dia, então tem uma gama de potencial prejuízo muito grande”, diz.

A emenda do feriado de finados pode ter amenizado algumas das perdas, uma vez que parte dos consumidores viajaram. A estimativa do Governo do Estado de São Paulo é de que 3,5 milhões de veículos rodaram pelas rodovias públicas e concedidas no feriado.

Pina explica que existem três dimensões de perdas para os empreendedores por conta da interrupção do fornecimento de energia elétrica:

 

  • Compra por impulso: quando o cliente passa em frente à loja e compra algo sem um planejamento. “Essa o lojista perdeu para sempre, não volta”, diz.
  • Compra planejada: o cliente que não encontrou a loja ou serviço aberto e foi em busca do produto ou experiência em outro lugar.
  • Perda material: empreendedores que tiveram equipamentos ou estoque danificados por conta da queda da energia. “É uma perda de capital”, diz.

 

Consultada por PEGN, a Enel disse que "segue o que determina a Resolução 1000/2021 da ANEEL, que estabelece todo procedimento a ser feito pelas distribuidoras de energia elétrica em caso de ressarcimento". As solicitações podem ser feitas por meio de aplicativo, site e loja física em até cinco anos a contar da data da ocorrência.

Percival Maricato, diretor-presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo (AbraselSP), diz que tem orientado os empreendedores a abrir reclamação com a concessionária, bem como avaliar ações individuais ou coletivas. Até a manhã desta segunda-feira, 15% dos bares e restaurantes da cidade ainda estavam sem energia elétrica, e 49% calculavam prejuízos de leve a moderados.

“Houve prejuízo e falha do serviço mais uma vez. Vamos questionar a própria privatização [além das potenciais reparações]”, disse Maricato, em entrevista a PEGN. Ele ainda lembrou que bares e restaurantes ainda estão tentando se recuperar dos danos da pandemia. “Um sábado que não funciona pode ser a diferença da receita positiva do mês ou de um déficit”, diz.

 

A padaria artesanal Hakkopan, na região do Paraíso, zona sul de São Paulo, tem a maior parte das vendas concentrada aos sábados, com um grande peso nas vendas por impulso. As empreendedoras Andreia Yumi Yamane, 40 anos, e Karin Aki Yaegashi, 28, contam que ainda contabilizam o prejuízo. O fornecimento de energia elétrica foi interrompido no estabelecimento na última sexta-feira (3/11) às 16h30 e retornou no último domingo (5/11), por volta das 13h.

“Nossos fornos são todos elétricos, não conseguimos assar nada [no período]. As massas que já tínhamos batido um dia antes para fermentar na geladeira, perdemos”, diz Yamane. No sábado, elas abriram a loja para vender alguns pães que tinham em prateleira, do dia anterior, com desconto, e doces que conseguiram se manter acondicionados com gelo. De acordo com elas, nenhum equipamento foi danificado pela queda no fornecimento de energia, mas todo o estoque preparado para ser assado e vendido no sábado foi perdido. O negócio foi criado há pouco mais de cinco meses e abre de quarta a sábado. “Normalmente temos um faturamento melhor em feriados”, afirma Yamane.

A expectativa dos especialistas é que a Enel anuncie medidas para preparar a região, que abriga a maior cidade da América Latina, para eventos “de força maior”. “Não podemos colocar toda a culpa em São Pedro, há uma gestão que pode ser melhorada na Enel e tem um problema de infraestrutura urbana”, observa Pina. Uma das soluções, de acordo com ele, seria o mapeamento de árvores “doentes” ou com raízes fracas, que precisem ser podadas ou cortadas. “A cidade mais rica do país não pode parar a cada ventania.”

O assessor da FecomercioSP diz que o empreendedor, individualmente, até pode tentar se precaver e contratar engenheiros para mapear árvores nessas condições no entorno do negócio, mas a poda ou retirada, de fato, deve ser realizada pelo Poder Público.

Em uma postagem realizada no X (antigo Twitter) na tarde desta segunda-feira (6/11), o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, disse que já foram removidas 172 árvores relacionadas à queda de energia, e que mais 125 ainda aguardavam pelo desligamento da energia da Enel para que as respectivas subprefeituras pudessem atuar.

https://revistapegn.globo.com/gestao/noticia/2023/11/apagao-em-sp-pode-ter-gerado-prejuizo-de-mais-de-r-120-milhoes-a-empresas-diz-instituto.ghtml

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